quarta-feira, 23 de abril de 2008

Pensamento preto no branco; ou: A crítica como adesão.

Quando entrei para a faculdade eu me tornei um weberiano; anos mais tarde um bourdiesiano. Mas apesar desses epítetos (talvez fosse melhor chamar-lhes títulos honoríficos, porque eles realmente dão dignidade ao seu portador), sempre me preocupou o fato de que a crítica talvez não nascesse de mim, de que não fosse um raciocínio válido tirado das meditações de um sociólogo conhecido. E acabava me indagando se muitas vezes minhas adesões não eram algo similar às adesões políticas, que são sempre constituídas por meio de formulas do tipo ou tudo ou nada: esquerda/direita, conservador/progressista, nacionalista/entreguista etc.

Para mim, a dúvida ainda está. Sempre me indago como é possível desenvolver algo que valha a pena gastar papel e tinta sem me escorar nas facilidades da adesão incondicional a algum autor ou escola de pensamento. Bourdieu uma vez disse que a sociologia é feita ao se pensar contra e com um autor. A fórmula para mim é perfeita. Resume bem o que se deve fazer. No entanto, o problema está em colocar essa fórmula para funcionar, fazendo críticas ou criando pensamentos originais que sejam dignos de serem escritos e comunicados aos outros; algo que não seja a mera adesão a um autor e escola de pensamento. Que não seja uma crítica por adesão.

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