terça-feira, 14 de abril de 2009

Carta aberta

Daqui ouço esse zun zun zun de vocês pensando:
acertando idéias, ajustando caminhos, praticando insights, ensaiando acertos:
maquinaria de achados, grafos demarcados, apagados e remarcados
em longas e tortuosas vielas de mapas por se fazer: cada um.

Daqui, da rua Aníbal Falcão, 116, Graças, ouço cada um de vocês e os seus escaninhos desempoeirados,
os grafites roçando notas, as esferográficas rolando aquela bolinha de tinta em papéis brancos;
ouço o toc toc dos teclados, o sinuoso cruzar de pernas às tardes
sob a plataforma de madeira onde arqueijam cotovelos machucados.

Daqui, deste meu birô que comprei na rua da Conceição faz já meia década
imagino o pontiagudo roçar do ponteiro dos segundos declinando oitavas
infinitesimalmente iguais nos nossos escritórios.
Somente o suor nos é diferente.

Daqui, uma periclitante vontade de abraçá-los
tomar um café no final de tarde
pra saber com calma quem são mesmo vocês
de quem eu sinto essa imensa saudade agora.


Para Jampa, Glaucia e Kali