Um Velho
(Konstantinos Kaváfis)
No fundo do café tão barulhento
curvado sobre a mesa pousa um velho
com um jornal em frente e sem companhia.
E na desgraça da velhice vergonhosa
pensa quão pouco desfrutou dos anos
que tinha força, e fala e beleza
Sabe que envelheceu muito: o vê e sempre o sente.
Embora o tempo que era jovem lhe parece
como ontem. Que distância pequena
E pensa, a razão como se enganava
e como a confiança sempre o louco
a mentirosa que dizia “Deixa, tens tempo ainda”.
Lembra os desejos que abnegava e o quanto
prazer sacrificava. A sua boba cuca
toda perdida oportunamente caçoa.
...Mas de pensar e de lembrar-se tanto
o velho ficou tonto. E adormeceu
na mesa do café se segurando.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
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