quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sem Título

De algum modo, tudo que pretende começar de forma despretensiosa parece que caí na esparrela da pretensão. Ou a gente é muito besta e não percebe que nossas próprias idéias pseudo-humildes são na verdade tentativas de chamar a atenção para algum fato, acontecimento, ou realmente fomos tomados, constituídos socialmente, ao longo de nossa caminhada acadêmica, familiar, etc., para uma visão de mundo e do mundo que nos indica uma direção de oposição a tudo o que se compreende como sendo arrogante. Sei que ultimamente estou tendendo para uma perspectiva que segue por um único caminho, mas de uns tempos pra cá (vejam, não sei se esse espaço é destinado pra desabafos, mas de todo modo, sinto-me à vontade para fazê-lo).
Quando eu deixo de intitular algo isso significa que já estou intitulando, isso é óbvio. Contudo, esse meu início foi só um pretexto para falar o que realmente quero. Lembro-me uma vez que numa aula de alguma disciplina do doutorado eu falei (coisa rara!) sobre algo que tinha uma acepção semelhante, na forma de pensar, do que expus acima. Até hoje, e pela reação de alguns colegas, acho que falei alguma coisa que possuía certa coerência. Mas a questão que perpassa minhas idéias é se concretamente nossos atos são de alguma forma, coerentes.
Por mais racionais que tentemos ser, tudo parece que se mistura. Tomemos a mim como exemplo. Apesar de tentar agir de forma racional, e acho que tenho posto isso em prática em termos acadêmicos, na minha vida afetiva, as coisas que antes me pareciam tão coesas e definidas, foram sendo mitigadas, inicialmente, de forma repentina, e mais tarde de maneira lenta e gradual. Isso me fez perceber que um ser social não pode ser apartado de suas relações, como um todo.
Ao retomar meu projeto de tese, sobretudo, meu plano de tese, percebi que continuo muito presa ao que tanto queria me desvencilhar que é a análise do pensamento de Lukács. Não acho que esse seja um exercício menor, mas a sensação que tenho é a de que ainda não entrei na pesquisa que quero fazer. Estou fichando três capítulos da sua obra final, “A Ontologia do Ser Social”. É interessante que a cada nova leitura se torna perceptível um amadurecimento de quem lê. Fico na esperança de que com o término ou interrupção desse meu fichamento eu possa vislumbrar algo mais prático, em todas as instâncias da minha vida, se é assim que se pode nomear.
Todavia, acredito que Lukács[i] está correto quando afirma que “uma posição crítica só é fecunda quando é capaz de reconhecer as contradições da posição criticada, seu eventual aspecto progressista” (1969:169)





[i] HOLTZ, H., H. KOFLER, L. e ABENDROTH, W. (1969). Conversando com Lukács.
Tradução de Giseh Vianna Konder. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

2 comentários:

Kali disse...

Querida... acho que se juntar Lukács com suas atuais pretenções teóricas... vai ser lindo!!
Beijos!!

Anônimo disse...

Poxa, Kali...
Brigada. Espero que as coisas caminhem de forma razoável.
Beijos